O El Niño resulta no aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico
O El
Niño é um evento
climático natural que ocorre no Oceano Pacífico, podendo ser definido como um
aquecimento anormal das suas águas, seguido pelo enfraquecimento dos ventos
alísios. Tais alterações modificam o sistema climático de distribuição das
chuvas e de calor em diversas regiões do planeta. Apesar de apresentar uma
descrição muito simples, seu funcionamento reúne uma série de conceitos de
climatologia, que serão abordados neste artigo em um esquema de perguntas e
respostas.
O que
é, de fato, o fenômeno El Niño?
O El Niño Oscilação Sul (ENOS)
é uma alteração natural e cíclica nas porções central e leste do Oceano
Pacífico. Fundamentalmente, ocorre um maior aquecimento de suas águas, de pelo
menos 1 grau Celsius, tomando como referência a média térmica desse oceano, que
é de 23°C. Seu nome remete ao menino Jesus, pois sua descoberta está associada
às observações de pescadores e marinheiros peruanos, que notaram o aquecimento
das águas do mar e a consequente redução da quantidade de peixes na época do
Natal.
Quais
são as origens do fenômeno?
Não há uma única teoria que
defina a origem do El Niño, existindo diversas hipóteses como ciclos solares,
erupções vulcânicas, acúmulo sazonal de águas quentes no Oceano Pacífico e
quedas de temperatura na Ásia Central. Registros paleoclimáticos, históricos,
arqueológicos e relatos de navegadores apontam para a sua ocorrência há mais de
500 anos. Esses apontamentos envolvem mudanças nas forças dos ventos,
transformações na quantidade e intensidade de chuvas, secas, enchentes,
atividade pesqueira e produção agrícola. O El Niño está relacionado até mesmo à
crise agrícola que ajudou na decadência da civilização Maia.
Como o
El Niño se desenvolve?
Em primeiro lugar, é importante
compreendermos o conceito de pressão atmosférica: alta pressão e baixa pressão.
A alta pressão do ar pode ser definida como uma camada de ar frio e denso que
se dirige em direção à superfície, movimento conhecido como subsidência
(descida) do ar frio. Esse movimento promove o deslocamento dos ventos em
direção às zonas de baixa pressão, onde o ar mais quente e menos denso tende a
sofrer ascendência (subir), contribuindo para a formação de chuvas.
O aquecimento das temperaturas
provocado pelo El Niño influencia o sistema de alta pressão subtropical,
localizado a 30° de latitude. O enfraquecimento das altas pressões diminui a
força dos ventos alísios, que têm a sua origem nessa região subtropical.
Os alísios são ventos que sopram dos trópicos em direção ao Equador, sendo
responsáveis por carregar calor e umidade em direção às áreas equatoriais. No
Oceano Pacífico, eles são fundamentais para a ocorrência de chuvas na Oceania e
Sudeste Asiático.
Quais
são as principais consequências do El Niño?
O El Niño altera a distribuição
de calor e umidade em diversas localidades. Na Oceania, em especial a
Austrália, e em algumas ilhas do Pacífico, além de países do Sudeste Asiático,
como Indonésia e Índia, os verões normalmente úmidos acabam tendo uma redução
na quantidade de chuvas. No litoral da América do Sul e da América do Norte
ocorre um aumento das temperaturas e, especialmente nos meses de verão, há
também um aumento das chuvas e enchentes. Para as áreas pesqueiras do Pacífico
leste, como Peru, Chile e Canadá, o El Niño pode ser dramático, diminuindo
consideravelmente a quantidade de peixes de acordo com o nível de aquecimento
das águas.
Quando
ocorreu o El Niño mais forte?
O El Niño mais forte registrado
pelos equipamentos meteorológicos modernos foi entre 1982 e 1983, com um
aquecimento de aproximadamente 6°C da temperatura do Oceano Pacífico. Seus
efeitos foram catastróficos, com perdas econômicas estimadas em oito bilhões de
dólares. Apenas as enchentes e tempestades que atingiram os Estados Unidos
somaram perdas de dois bilhões de dólares. Enormes secas ocorreram na
Indonésia, Austrália, Índia e sudeste da África. A Austrália experimentou
diversos incêndios florestais, quebra nas safras agrícolas e a morte de milhões
de ovelhas por falta de água. A pesca no Peru resultou em metade dos valores
pescados no ano anterior.

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